Bebê conforto, berço, carrinho e andador são equipamentos mais relacionados a acidentes. Principal ocorrência é queda provocada pelos movimentos do bebê.
16/03/2017 06h00
Acidentes relacionados a equipamentos para bebês – como bebê conforto,
carrinho, berço e andador – têm se tornado cada vez mais comuns nos
Estados Unidos. Um estudo publicado esta semana na revista especializada
“Pediatrics” constatou que a incidência de eventos desse tipo aumentou
23,7% de 2003 a 2011.
O produto mais envolvido nesses acidentes foi o bebê conforto,
responsável por 19,5% dos ferimentos, seguido por berços e colchões
(18,6%), carrinhos (16,5%) e andadores (16,2%). As quedas foram as
ocorrências mais frequentes, mas também foram registradas colisões,
ingestões acidentais, entre outros. A região do corpo mais lesionada por
esses acidentes foi a da cabeça e pescoço, atingida em 47,1% dos casos,
seguida pelo rosto, machucado em 34% dos acidentes.
No Brasil, não há um levantamento semelhante, mas as quedas são o tipo
de acidente que mais resulta em internações de crianças de até 14 anos
no país, segundo a ONG Criança Segura.
Para Gabriela Guida de Freitas, coordenadora da organização, os dados
americanos têm de ser vistos como um sinal de alerta também para o
Brasil. “Está aumentando o acesso a esse tipo de produto no país. Vem
junto a tendência de aumentarem os acidentes”. Ela observa que, no
Brasil, o mercado informal é forte e a população ainda compra produtos
não certificados pelo Inmetro, o que torna a população especialmente
vulnerável.
Principais erros
O médico Danilo Blank, do Departamento Científico de Segurança da
Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), alerta que um dos principais
erros que os pais cometem e que aumenta o risco de acidentes é colocar o
bebê em superfícies altas sem a devida proteção, como trocadores de
bebês. “Naquela fração de segundo que a mãe se vira para pegar um
utensílio, o bebê pode rolar e cair”, diz.
Outro erro comum é apoiar o bebê conforto em locais como mesas,
cadeiras ou camas. “Ele tem a base arredondada, como se fosse uma
cestinha. Quando apoiado em uma superfície lisa, qualquer movimento do
bebê pode fazer com que o equipamento caia”, diz Gabriela. Portanto, se
tiver de apoiar o bebê conforto, coloque-o no chão.
Já o uso do andador é desaconselhado em qualquer circunstância e é alvo
de uma campanha por parte da SBP. “O andador é um utensílio muito usado
no nosso meio e que não tem nenhum benefício para a criança. Pelo
contrário, ele pode retardar o desenvolvimento da marcha”, diz Blank. O
médico acrescenta que o equipamento é responsável por muitos acidentes,
traumatismos e até mortes no país.
Como foi a pesquisa?
A pesquisa americana levou em conta os dados do Sistema Nacional de
Vigilância Eletrônica de Ferimentos (NEISS), operado pela Comissão de
Consumidores sobre Segurança de Produtos dos Estados Unidos (CPSC), que
monitora ferimentos relacionados a produtos registrados em cerca de 100
hospitais nos Estados Unidos.
Os dados referem-se a ferimentos de crianças menores que 3 anos de 1991
a 2011. Em todo esse período, estima-se que houve 1.391.844 lesões
relacionadas a equipamentos de bebês nos Estados Unidos. Entre 1991 e
2003, a incidência desses acidentes teve uma queda de 33,9%, que os
pesquisadores atribuem principalmente à queda do uso de andadores. A
partir de 2003, porém, a incidência voltou a aumentar, subindo 23,7% até
2011.
O estudo foi feito por pesquisadores do Nationwide Children’s Hospital,
da Universidade da Pensilvânia, da Universidade Estadual de Ohio e da
Aliança de Prevenção de Acidentes com Crianças de Columbus, Ohio.
Fonte: G1
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